
Alfredo de Sousa Sampaio nasceu em Quixadá (CE), no ano de 1926.
Foi um dos maiores pesquisadores da história do futebol nacional. Era um dos
mais conceituados conhecedores do futebol cearense. Detinha um arquivo atualizado
e organizado.
Por muitos anos seu arquivo serviu como fonte de pesquisa para jornalistas,
radialistas, torcedores e curiosos em geral.
Foi em 1938 que o futebol nasceu para Alfredo Sampaio. Ouviu falar numa tal
Copa do Mundo que se realizava na França, com a participação do Brasil. Quase
não acompanhou nada desse certame pois em Quixadá, naquela época, só havia dois
rádios: um na casa do Vigário e outro na residência de Antônio Onofre, um
simpático português proprietário da Padaria Estrela do Norte.
Não precisa dizer que os rádios eram alimentados por baterias, pois a
iluminação elétrica da cidade era só de 18 às 22 horas.
Ele ficava sabendo dos resultados no dia seguinte, através dos jornais que
chegavam pelo trem da Rede de Viação Cearense. Mesmo assim, procurou entender e
começou a anotar os resultados num caderninho, e cortando sempre as fotos dos
jogadores que esporadicamente eram publicadas nos jornais Gazeta, Correio e O
Povo.
Passou a identificar os nossos maiores ases, nunca imaginou que algum dia
viesse a conhecer alguns deles.
Depois da Copa passou a anotar tudo sobre futebol, a ler tudo e a comprar
qualquer publicação sobre o assunto. Acompanhava o campeonato cearense e
anotava os jogos do Sitiá, o primeiro time que existiu em Quixadá. Sitiá é o
nome de um pequeno rio que passa na cidade, afluente do famoso açude do Cedro.
Foi aí que nasceu seu arquivo esportivo. E, de 1938 até a data de sua morte (em
3 de janeiro de 2005), nunca parou de ler, colecionar e anotar as coisas do
futebol brasileiro e cearense, em particular.
Na capital, Fortaleza, a partir de 1941, quanto tinha 15 anos, a coisa
tornou-se mais fácil e depois que se tornou radialista, melhor ainda.
Em 1941 assistiu ao seu primeiro jogo, entre as
seleções do Ceará e Rio Grande do Norte, pelo Campeonato Brasileiro.
A partir de 1943, entrou para o antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Comerciários (hoje absorvido pelo INSS), mediante concurso.
Em 1945, ingressou no Vargas Filho Atlético Clube, cuja turma se reunia na
praça da Escola Normal, próxima de onde morava. Aí entrou de corpo e alma no
esporte: como um dos dirigentes do clube, fez do Vargas Filho uma de suas
paixões. Gastava dinheiro do seu próprio bolso para sustentar o time. Tudo isso
sem abandonar o arquivo.
Conheceu os grandes dirigentes do futebol cearense da época e a turma da
imprensa. Em 1946 entrou, pela primeira vez, na sede da antiga Federação
Cearense de Desportos, onde assistia às reuniões semanais, sem faltar aos jogos
no Presidente Vargas. Queria saber de tudo, ver tudo e conhecer todos. No
começo, subia uma escada muito íngreme e ficava em pé, no seu último degrau
assistindo às reuniões. Aos poucos foi ficando conhecido até que mandaram ele
entrar e ocupar uma das cadeiras vazias.
Alfredo participou de um programa que fez sucesso na radiofonia cearense, “O
Céu é o Limite”, em que ele participava respondendo a perguntas sobre tudo que
dizia respeito ao futebol. Estava bem e já caminhava para ganhar um grande
prêmio em dinheiro, quando resolveu desistir para embolsar o que já havia
garantido e assim colaborar ainda mais com o Vargas Filho.
Com pouco tempo, chegou à presidência do Vargas Filho, tendo levado o mesmo ao
título da Segunda Divisão. Logo depois, foi eleito Secretário do Departamento
Autônomo da Segunda Divisão. Encerrou sua colaboração junto à Federação no ano
de 1956.
Nesse ambiente, sempre fez muitas amizades e entre elas estava o Afrânio
Peixoto, um dos fundadores e dirigentes do 24 de Maio F. C., onde jogavam
muitos amigos.
Afrânio já era do rádio e dirigia o Departamento Esportivo da pioneira Ceará
Rádio Clube. No programa esportivo “Rádio Esportes Atlantic” havia uma seção
semanal intitulada “Posta Restante”, que respondia as cartas enviadas pelos
ouvintes, fazendo perguntas e indagações diversas sobre o futebol.
Como o Afrânio sabia da existência do arquivo de Alfredo, sempre levava algumas
cartas com perguntas mais difíceis para que ele respondesse. Alfredo escrevia
as respostas atrás dos envelopes e os devolvia.
Certo dia, Afrânio convidou Alfredo para trabalhar com ele, quando passaria a
fazer o “Posta Restante” e mais outras matérias. Disse-lhe que por algum tempo
ele não iria ganhar nada. Seria uma espécie de “estagiário”, mas que,
posteriormente, dependendo do seu aproveitamento, passaria a receber uma gratificação,
o que realmente aconteceu. Passou a ser funcionário da Rádio a partir de junho
de 1954, por ocasião da Copa do Mundo na Suíça.
Na Ceará Rádio Clube Alfredo Sampaio se tornou o primeiro plantonista esportivo
do rádio cearense.
E lá ficou até 1956, quando o mesmo Afrânio o levou para a Rádio Uirapuru, onde
teve início um novo ciclo em sua vida no rádio esportivo de Fortaleza.
Em 13 de maio de 1959, fez parte da equipe da rádio que transmitiu o jogo
Brasil 2 x 0 Inglaterra, diretamente do Maracanã. Fez às vezes de repórter de
pista, dando as informações complementares, mesmo da cabine.
Na
rádio Uirapuru trabalhou ao lado de Júlio Sales, Lúcio Sátiro, Cid Carvalho e
outros. Quando passou a comandar o departamento de esportes da rádio, deu
chances a muita gente de se iniciar no rádio. O programa “As Últimas do Esporte",
apresentado por Júlio Sales, foi criação dele.
Foi Alfredo Sampaio que criou o slogan “A Casa do Esporte” para a rádio
Uirapuru.
Com justificada razão, ganhou o epíteto de “Enciclopédia do Futebol Cearense”.
Segundo depoimento dos próprios companheiros de profissão, Alfredo sabia tudo
sobre o futebol cearense e brasileiro.
Convidado por Aécio de Borba fez parte da primeira diretoria da Confederação
Brasileira de Futebol de Salão e para ali levou toda sua experiência de homem
organizado, respeitado e sério. Sua sala era um primor, com tudo em seu devido
lugar. Extremamente organizado.
Torcia pelo Fluminense, no Rio de Janeiro, e pelo Fortaleza, no Ceará. Chegou a
participar de diretorias do tricolor cearense.
HOMENAGENS
No
dia 24 de setembro de 2007, às 19:30 horas, no Plenário Fausto Arruda, da
Câmara Municipal de Fortaleza, foi entregue (post mortem) a Medalha Ayrton
Senna ao saudoso pesquisador, cronista a dirigente esportivo Alfredo Sampaio,
tido como a enciclopédia do futebol cearense. Coube ao locutor Júlio Sales
fazer a apresentação do homenageado e falar sobre o livro "O Futebol Cearense
- Retalhos Históricos", de Alfredo Sampaio.
A homenagem foi requerida pelo vereador Guilherme Sampaio (PT), líder da
prefeita de Fortaleza, Luizianne de Oliveira Lins.
No dia 13 de setembro de 2011, a Prefeitura de Fortaleza inaugurou três novos
espaços no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza: a Sala de Imprensa, a
Calçada dos Craques e a Tribuna de Imprensa. Esta última, recebeu o nome de
Alfredo de Sousa Sampaio.